Sim, a vida é irónica.
Porque quando as minhas peças se começam a encaixar e as que me tinhas deixado espalhadas no quarto do coração que era nosso já estavam encaixotadas. A cama estava feita, de lençois lavados. As fotos foram sendo substituídas por outras, sem olhares apaixonados.
Abri as janelas de nós de par em par, para que o vento gelado me lavasse a alma, me afagasse os cabelos e te levasse de mim. Abri-as para que me preparassem novos Abris, novas revoluções, novos tumultos na alma.
E, do nada, o vento vira, as janelas não se fecharam a tempo, e já te tenho, espalhado no quarto de mim, de camas revoltas, outra vez.