A semana passada, na sexta, tinha consulta marcada para a avó. Desde que o pai foi para o Brasil que quem trata destas coisas, portanto, lá fui eu. Cheguei lá e informaram-me que a médica não vinha. Blá blá blá, barafustanço por não me terem avisado, beca beca beca, pressionei a senhora a arranjar-me um buraquinho para hoje.
A avó tinha análises para mostrar e precisa de receitas da sua medicação. A médica não se lembrava/sabia que medicação havia receitado à avó nem em que termos a havia pedido (iniciar a medicação e fazer as análises 2 a 3 semanas depois). Perguntou-me qual a posologia, porque quase que não parecia que a avó estava a tomar o dito medicamento. Diz que está tudo bem com as análises. Daqui a duas semanas repetimos. Ok... Pedi as receitas... olhou alucinada. Retorqui que, se daqui a duas semanas lá iria mostrar as análises poderia levar as receitas nessa altura. Respodeu "Pronto, então se não se importa de sair, que estou atrapalhada...".
Esta cena passou-se em 3 minutos. Nem houve tempo para sentar. Ri do ridículo na certeza de que se a triste senhora tem o azar de me voltar a despachar depois de eu ter pago uma consulta, a coisa vai correr mal.
Às 22.15 decidi ir ao forumda formação. Ia morrendo. Três actividades... para entregar HOJE! Paniquei muito. Tinha que fazer o plano de sessão para a simulação final e nem sequer sabia sobre o quê. Além disso, tinha que mandar para lá duas postas de pescada como quem percebe muito da coisa, que fiz prontamente, e fazer o powerpoint da sessão!
Ora pois claro que Murphy sonhou comigo, e até a porra do Office tive de reinstalar. Mas fiz tudinho e entreguei. Posso respirar... e agora vou ver mais séries até à morte. Sou gaja para adormecer no sofá com o Zé e a Lucifera, e ir para a cama lá para as 4 da manhã, para ouvir o vizinho de baixo a reclamar.
Mas primeiro tenho que tirar o Código do trabalho de debaixo do Zé... Sim, aquilo é tão pitanino que ele achou que era uma almofada!
A minha opinião é muito simples. O que está e tem que estar em causa não são as praxes mas comportamentos, cada vez mais frequentes, de pessoas que se acham os donos do mundo e supra sumos da batata e que, claramente, não conhecem o conceito de praxe que tem um objectivo muito claro - integração.
Há gente abusadora que adora humilhar os caloiros, para se sentirem bem consigo próprios e, regra geral, são assim na sua vida. A esses montes de merda só tenho uma coisa a dizer: se a vossa vida não é boa, ide para casa desatinar com os papás. Os outros não têm culpa! E não deturpem a tradição académica. Vocês não são praxantes, vocês não são doutores nem veteranos e vocês não merecem o traje que envergam. São uma vergonha para as respectivas academias!
Pois é, o namorado sugeriu que eu arranjasse um hobby, e a procura começa agora. Não sou pessoa de corridas e desportos e afins. Mas já pensei nisso.
Aliás, ontem à noite pensei mesmo que devia era começar a dedicar-me à cozinha saudável, em vez de espetar no bucho dois pratos de ervilhas com ovos escalfados, e dar umas caminhadas e corridinhas à beira rio, enquanto me imaginava toda boazona e tal. Mas a vontade passou depressa quando hoje me levantei e vi que além do frio, chovia para caraças.
Depois pensei: a leitura é um hobby? É... e eu sou boa nisso. Leio muito e com prazer. Mas também não era bem isso que eu queria. Eu queria qualquer coisa que me mantivesse ocupada. Mesmo ocupada. Com a cabeça a trabalhar...
Anyway, pus a leitura de lado, a menos que comece a escrever uma críticas. Ok, escrever. Escrever é um hobby. Este blog é um hobby. Mas não era propriamente isto que tinha em mente. E se criar um novo blog? Um blog sobre determinado assunto? Vou analisar o caso.
Séries? Também sou óptima nisso. Comecei a ver Shameless do início à dois dias atrás. Resultou numa temporada por dia. Já vos disse que adoro séries? Pois, mas isso não me faz mexer nem pensar...
Hoje começa oficialmente a demanda pelo hobby perfeito. Querem ajudar-me a encontrá-lo?
Tenho tido muito tempo para ler, é verdade. Ainda assim, não tenho lido tanto quanto gostasse. No final do ano passado, antes de entrer de "férias", os meus amigos fizeram-me uma surpresa, no Festival das Francesinas, na FIL.
Nesse dia ofereceram-me uma edição de um livro que eu já li, há muitos muitos anos, e que agora releio, com outros olhos.
Esta edição ilustrada pelo Rogério Ribeiro, com prefácio de Óscar Lopes é a minha nova relíquia. Quando li, pela primeira vez, o "Até amanhã, Camaradas" pouco sabia da coisa. Era para mim mais uma história, sobre o partido do meu avô e os camaradas dele. Devia ter uns 11 ou 12 anos. Apanhei-o e devorava-o à noite. Sabia apenas que o autor, o Manuel Tiago, era a fingir, e que quem o tinha escrito era o senhor das sobrancelhas farfalhudas e brancas, que eu vira umas vezes em sítios com muita gente, a falar ao microfone. As pessoas chamavam-lhe o Camarada Álvaro e eu sabia apenas que ele era uma pessoa importante.
Hoje, 14 ou 15 anos depois dessa primeira abordagem, folheio o livro que marca a história de um partido, sobre a sua actividade na clandestinidade e que, não deixado de ser um conto (um dos mais belos), é o testemunho escrito de uma realidade que não está assim tão distante.
O Álvaro era um homem singular e culto, de escrita térrea e fácil. Sim, é fácil perder-me horas com este amigo, que, talvez pela "proximidade" do seu tema, me faz sorrir, e tremer, e temer. Me deixa os olhos rasos de lágrimas, e a pensar, muito seriamente, que não quero voltar ao antigamente.
Este é o meu livro de cabeceira, e acredito que por lá ficará para que, sempre que me apetecer folheá-lo, me esteja perto.
"Maria agarrou a mão do camarada.
- A tua família?
- Família? A minha família é o Partido, és tu, são os camaradas. Não tenho outra família"
Estou com um bloqueio criativo tão grande mas tão grande, que vocês nem imaginam. Tenho uma página de Word aberta há quase uma hora e não sai absolutamente nada. Tenho que começar o trabalho final para a Formação e nada. Nem tema, sequer.
Tenho o melhor namorado. Depois de todas as crises, das "lutas" de feitos, do aprender a lidar um com o outro... quase um ano depois, posso afirmar isto que não é mentira nenhuma. Porque está lá quando eu preciso, e tem os melhores abraços do mundo, dá-me beijinhos na testa e festinhas, e faz-me acreditar que está tudo bem e que tudo se resolve.