Sou feita de música
Estou a digerir ainda. Eram 22.00 e ouvia os primeiros acordes de Head up e senti que ia ser um bom concerto. Do Gore, album do ano passado, veio apenas a Phantom Bride e eu pus as mãos ao céu.
Poucas coisas neste mundo me deixam tão feliz quanto um bom concerto. Quando esse concerto é de uma das minhas bandas preferidas, melhor. Quando acontece numa sala de espétaculos cuja principal queixa é a acústica e eu percebo que, vá, podia ser pior, melhor.
A sala estava a meio gás. O SBSR deixou de ser Super Rock há uns anos, virado para uma vertente mais comercial. Assisti a um desfile de Coachelas desde o Vasco da Gama até à entrada do recinto. Espirito de festival? Zero. Pouco me interessava, também.
Mas, dizia eu, a sala estava a meio gás, mas com as pessoas ansiosas pelo que lá vinha. Espaço para xuxu, para me pôr de frente ao palco e ter o Chino a dois passos de mim. Entra a My own summer e fico na certeza que sairei dali rouca. Foi tão bom, que ficava lá certamente mais uma hora, para além daquela que durou o concerto, um concerto sem falhas. Faltaram-me temas do album Deftones, como Minerva. Mas porra, a Digital Bath ao vivo é coisa de arrepiar. Não falando da Change e das lágrimas de felicidade-tristeza-nostalgia que me rolavam enquanto cantava tão alto quanto podia num coro de centenas.
Tive a certeza, naquele sábado, de que sou feita de música, porque não houve uma única, nem a Phantom Bride que não me trouxesse mil momentos e emoções. E fui tão, mas tão feliz, que só lhe senti a falta em bom, de sorriso nos lábios e música na alma, cheia de memórias nossas que me desfilavam diante os olhos. Felizes, felizes, como chegámos a ser.
(Nosso, melhor que este concerto, em mim, só MM)