Alguma vez vos aconteceu tomarem uma atitude, de forma aparentemente inconsciênte, e depois de se arrependerem 50.000 vezes e racinalizarem um bocadinho (overthinker, lembram-se?), percebem que é padrão?
Acho que descobri um padrão meu. Terrível. Atento a cabeça das pessoas com as coisas mais parvas, tipo criança birrenta. Pico, e pico, e pico. Torro a paciência. Para que a pessoa vá. Que vire ela as costas. Que seja ela a sair.
Gosto muito de ser gaja. Juro que gosto. Mas quando estou com o período, não.
Isto é coisa que nos deixa desconfortáveis, com as hormonas aos pulos, a temperatura corporal marada (no verão é um suplício), dá-me enxaquecas gostosas nos dias que antecedem o evento e o medo constante de ficar toda suja!
Mas o pior de tudo, mesmo, são as cólicas monstras. Hoje arrastei-me em dor para o trabalho. Tomei Ben-u-rons ao pequeno-almoço (calma, pequeno exagero dramático para ênfatizar a coisa). Sinto que me cortam as entranhas, dilaceram a barriga. Não há posição para estar. Sentada, dói. Em pé, dói. Deitada, dói.
Quero voltar para a cama e enrolar-me numa bola. Mas não posso. A malta não leva a sério esta coisa das dores menstruais e a culpa é nossa. É nossa porque aqui nos aguentamos estoicamente, sem dar parte fraca, de sorriso no rosto, e levamos os dias tranquilos sem nos queixarmos. Então aceita-se que a dor menstrual faz parte e não deve ser assim tão insuportável.
Mas é. Homens que me possam estar a ler, sejam solidários com as mulheres da vossa vida nesta altura difícil. O esforço é hercúleo (não devia ser Helénico?). Conseguir levar a vida com dor não é para fracos. É para gajas. Mulheres!! Só nós conseguimos arrancarnos da cama, conduzir, despachar miúdos, se for caso disso, enfiar-nos em transportes públicos em pé uma santa de uma hora, palmilhar ainda uns metros e dizer o Bom dia sorridente de sempre quando entramos no escritório.
As cólicas menstruais são um flagelo silencioso e incapacitante. Mas, imaginam-me a dizer ao meu chefe que não consigo ir trabalhar porque não fiz filhos este mês e o meu útero está em guerra comigo? Imaginam só a cara dele?
Aguentar-me-ei, como sempre, e como tantas outras. Mas é preciso que se saiba: isto dói, e dói muito. E há vezes em que não há buscopan, ben-u-ron, trifen ou outros do género, que nos valham.