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O Manifesto da Garota

"Desabafos resultados de fraquezas", música, politiquices, opiniões gratuitas e posts sem conteúdo. Acima de tudo, vida, muita vida!

O Manifesto da Garota

"Desabafos resultados de fraquezas", música, politiquices, opiniões gratuitas e posts sem conteúdo. Acima de tudo, vida, muita vida!

A linha que separa o amor e o ódio e as coisas por resolver.

É ténue, a linha que separa o amor e o ódio, dizem as pessoas. Eu começo a perceber francamente a afirmação. É ténue, muito ténue, e eu sou bipolar porque passo do amor ao ódio e vice-versa em 0.001 segundo!

E um num momento olho para o objecto do meu amor/ódio e todo ele solta corações à sua passagem, e do nada, numa conversa de grupo, calho dirigir-me a ele em jeito de resposta a qualquer coisa, e ele fala comigo com sete pedras na mão e passa a ter bombas nas orelhas prestes a rebentar. E logo de seguida estamos só os dois e é quase como antigamente. E voltam os corações.

 

O que é certo é que tenho feito um esforço do caraças para o ignorar e seguir em frente. O Ele, de que vos falei no post anterior, sabe da históriazinha toda. Eu fiz questão de dizer. Não sei ao certo se por estarmos os três no mesmo espaço físico e eu saber que a tensão Garotos é perceptível a olho nú, se o fiz por acreditar e viver sob o lema da sinceridade ou se o fiz para o assustar e pô-lo a dar de frosques, salvando-me de, eventualmente, ter que o mandar embora. De qualquer maneira, se foi por este último motivo, o que é certo é que ele não foi e não me parece que vá a lado nenhum. Mas, adiante, que o Ele ainda não é para aqui chamado, nestes termos.

 

O Ele, que sabe de tudo e tudo, disse-me, nas últimas duas semanas, praí umas dez vezes, que o assunto Garotos está longe de estar resolvido. E pôs-me a pensar...

 

Com o Falecido, as coisas também não estavam resolvidas. Ou pelo menos ele permitiu-me andar ali a girar em torno dele, sem nunca ter tido tomates para dizer que não queria mais. E eu percebi que, eventualemente, teria que sair daquela órbita. E fi-lo. Custou, mas não foi assim tanto, agora que olho para trás.  

 

Já o Garoto disse que não queria mais. Aliás, as palavras exactas foram "Vou bazar d'Isto de vez...!".  Parece resolvido, mesmo. Mas as atitudes parvas e infantis várias, o constrangimento, e todo um outro conjunto de coisas, desde o falar com sete pedras na mão, à incapacidade de lidar com a presença do outro, ao facto de falarmos lindamente se estivermos bebados, com direito a abraços e beijinhos na testa na despedida revelam o oposto. Sim, cada um lida com as coisas à sua maneira e, talvez, para ele, a forma mais fácil de lidar é sendo estúpido que nem uma porta para mim. Vejamos, eu também já fiz isto quando, pitica, gostava muito de uma pessoa, mas tinha namorado há mil anos, então achava que se magoasse aquela pessoa ela ia deixar de gostar de mim e ia desaparecer e pronto. Eu não tinha que sair do conforto da minha relação de há mil anos com uma pessoa que volta e meia me punha os cornos e com a qual eu sabia lidar. Não era feliz, mas não interessa, porque com o outro moço de quem eu gostava muito eu não sabia como ia correr. Portanto, se calhar ele está a fazer comigo o que eu fiz há 10 anos atrás. Mas é a forma dele, e eu não julgo.

 

Mas não poderei, jamais, voltar a estar dependente de terceiros que não sabem o que querem da vida, para resolver a minha. Pelo que, muitas vezes, e por muita razão que o Ele tenha, epa... as coisas podem estar longe de estar resolvidas, mas eu já não posso esperar mais para que elas se resolvam, não é?

 

Acho que este post não faz sentido nenhum. Desculpem lá o despejar de merdas que me assolou o espírito, mas tinha mesmo que ser.

Do esquecer alguém

 

 

Esquecer alguém é difícil. Talvez porque nunca se esquece realmente alguém, mas aprende a viver-se com o sentimento e a falta da pessoa. Eleva-se o coração, e segue-se em frente. Sempre em frente, evitando, a qualquer custo, olhar para trás. E vamos conseguindo, com passinhos de bébé, bem devagar, seguir em frente. Distraímo-nos como podemos: com os amigos, o trabalho, os hobbies. Mas os momentos de solitude são inevitáveis e é nesses momentos que conseguimos avaliar o nosso caminho. E nunca ficamos contentes. Nunca. Porque percebemos sempre que ainda nos faz falta. Que ainda dói.

 

Hoje, chegada a casa, na última noite na santa terrinha antes de regressar a Lisboa e à rotina que mete Garoto, lembrei-me de outra pessoa, e de uma viagem de taxi que fiz com ela. Essa pessoa tem sido presença constante na minha vida, desde há duas semanas para cá, altura em que a conheci. Falamos todos os dias, temos montes de interesses em comum. É um ele, sim. Um ele extremamente compreensivo, que está a par de tudo, que fala horas e horas comigo, inclusivamente sobre o Garoto, que me pede conselhos, que saiu de uma relação à pouco tempo.

 

Um ele que tem muitas semelhanças ao Garoto, sendo um pessoa completamente diferente. Mais madura, mais aberta, mais capaz de lidar com esta coisa que é o lado emocional.

 

Mas não é d'Ele que estava a falar. Não me posso perder nisto agora, que preciso urgentemente de debitar esta memória, antes que me leve à loucura, Dizia eu: estava a relembrar a viagem de taxi que fiz com ele e, inevitavelmente, fui transportada para a noite do 25 de Abril do ano passado, e para a viagem que fiz com o Garoto, de Taxi, na noite em que tudo aconteceu. E lembrei-me de todos os pormenores que antecederam e que aconteceram naquele taxi. A voz dele, a mão dele na minha, o calor do ombro dele onde encostei a cabeça, cansada, e onde adormeci, mais tarde. O beijo na testa e a festa no rosto no momento em que me encostei. A gargalhada que dei por causa da conversa com o taxista. O abraço e o beijo que me deu quando saímos do taxi. Lembrei-me de tudo. Tudo porque na viagem que fiz com o outro ele, ele me deu a mão. E o meu cérebro estabeleceu, imediatamente, a ligação com uma memória semelhante, mas que me é muito mais querida.

 

Porque, de facto, apareceu uma pessoa na minha vida que tem tudo para me fazer feliz, que, talvez, noutra altura, valesse a pena o risco, mas que não é o Garoto. E eu continuo a gostar do Garoto. Muito, como se prova pela necessidade constante de o escrever e o esforço hercúleo de não o fazer, pelo facto de, só de recordar esta memória, tão querida, tão feliz, ter os olhos rasos de lágrimas e o coração apertado...

Palavras leva-as o vento

"podes dizer q ta diferente, podes dizer q sou empata, podes dizer q sou complicado, podes dizer cobras e lagartos, mas nao podes dizer que te faltei a respeito, nao podes dizer que te enganei, n podes dizer q n fui sincero, n podes dizer q me estive ou estou a cagar pra ti.  isso nao podes."

"n quero msm chatisses entre nós, é saudável assim."


E, relido e apagado, há um peso que se levanta dos meus ombros. Porque, agora, posso dizer tudo.

Eu, por mim.

Tive um rasgo de clarividência durante o almoço de hoje. Aqui há vários grupos de pessoas, devidamente distribuídos pelas mesas do refeitórios. No entanto, as pessoas com quem eu me dou melhor almoçam na mesa do Garoto, e eu levava com a Gorda. Ao início isto era natural, porque foi um hábito que se foi enraizando, mas mais tarde passou a ser para não tirar a sua Exc.ª o seu tempo de paz, em que ele ria e tal, e estava minimamente bem, dada a conjuntura da coisa, e a real merda que está a acontecer na vida dele. Mas hoje, deixei-me eu de merdas e lá fui almoçar com as pessoas com quem queria. A mesa está lá, a mesa tem cadeiras, as pessoas falam comigo e eu falo com as pessoas, as pessoas fazem-me rir e eu faço rir as pessoas, pronto. Cagalhão. 

 

Até porque, durante esta semana tenho pensado que esta situação dos Garotos já extravaza os limites do aceitável. Não quer ser meu amigo, não seja, mas que não me ignore. Cansa e é ridículo que, neste universo, eu seja  a única pessoa com quem ele não fala. É rude e uma tremenda falta de respeito.

 

E, inevitavelmente, ele veio e sentou-se naquela mesa, calado, sem abrir a boca, no seu canto, sem participar da conversa, coisa absolutamente anormal! E eu senti-me constrangida... até que olhei de soslaio para ele e pensei "Foda-se, mas eu deixo de fazer o que quero por causa de uma pessoa que não faria o mesmo por mim? Porque quero poupar uma pessoa a situações desagradáveis quando o esforço é só meu? Quando se trata de uma pessoa que não se preocupa comigo?". E foi isto, a cabeça entrou logo em ebulição, a M.J. disse-me meia dúzia de verdades e eu percebi quando é que numa "relação" o bastante é o bastante.

 

E é. Eu fui a pessoa que sempre esteve lá, eu fui a pessoa que sempre compreendeu, eu fui a pessoa que sempre respeitou, que sempre aceitou, e que nunca, mas nunca, acreditem, lhe falhou, mesmo não falando. Mas agora chega, porque não mereço nem admito faltas de educação. Não vou continuar a deixar de fazer as minhas coisas, ou o que quero, por medo de melindrar quem quer que seja, quando essa pessoa nunca faria o mesmo por mim.

 

Agora, eu faço o que eu quero, por mim e para mim.

Amas a vida, e eu amo-te a ti.



Não há sinais do Garoto. Embora a minha predisposição para este assunto, neste 2013 que ora se inicia, não seja a mesma que foi um dia, a preocupação não desarma. Não desarma, mesmo. Teimo em estar preocupada e em carregar esta dor que não é minha mas que me dói como se fosse. Teimo em carregar às costas os problemas que são dos outros. Não é por mal, não é para me vitimizar, não é por nada. É porque sou assim. Sempre fui assim. Sempre tive os outros mais acima, acima de mim. E a disponibilidade para os outros é total. Incapaz de dizer não. Incapaz de pôr a minha vontade acima dos pedidos de terceiros. Horrível, eu sei. Mas é a mais pura das verdades. E continuo aqui, à espera que me digam que o inevitável aconteceu. Porque o é. Inevitável. E dói-me a dor dele enquanto espera que aconteça. Porque deve ser insuportável. E  que farei eu quando o inevitável acontecer? Nada, porque ele mo pediu. Só sei que vou lá estar. Vou. E vou devolver-lhe o abraço que me deu sem dizer absolutamente nada. Porque nunca nada minorará a dor, o desamparo, o abalo que a inevitabilidade lhe trará.

Se o mundo acabar hoje:

Voltámos a falar. Somos amigos. Aconteceu de forma natural, sem conversas sérias, sem bate-bocas, sem nada. Não interessa sequer como é que aconteceu, verdade se diga. Mas voltámos a falar e a rir, como antigamente. E, se o mundo acabar hoje, ao menos, vou de coração cheio. E com a certeza de que quando duas pessoas são importantes uma para a outra, mais cedo ou mais tarde, o universo encaixa as pecinhas no sítio delas. Devagar, e quando menos se espera.

 

As nossas peças estão a voltar ao sítio, e dificilmente alguém me arrancará o sorriso do rosto. 

E tenho duvidas.

A carta aberta foi escrita ontem à noite, para o Garoto. Ele ontem estava mal, triste, muito mas mesmo muito triste. Impassível. Uma trsiteza desoladora que me causou um aperto no peito. Quando me cruzei com ele (tem sido todos os dias...), apeteceu-me abraça-lo porque os olhos que me olharam quase que pediam socorro. Não imagino o que ele esteja a passar. De todo. Ninguém o devia passar, tão pouco. Mas não lhe posso dizer nada. Ele pediu que eu não lhe fizesse perguntas porque assim "sofro menos". E eu quero respeitar isso. Quero muito. Antes de me cruzar com ele, ele veio aqui ao meu Gabinete entregar uma coisa e, mais uma vez, eu estava sozinha, tendo ele parado e olhado para mim como quem tem o Mundo para dizer, mas arrependendo-se de seguida.

 

Isto parte-me o coração. E não lhe pergunto eu o que é que ele tem ou se está tudo bem porque fico petrificada cada vez que o vejo, as palavras embrulham-se na garganta e morro de medo da reacção dele. Mas mesmo. 

 

Então, escrevi-lhe essa carta... com tudo o que eu gostaria de lhe dizer. Estava para a enviar, quando me lembrei do fim de nós. Da namorada. Da escolha dele. E não tive coragem. As coisas estão menos más connosco. Ele sabe que pode contar comigo... também sei que não falamos muito porque outrém assim o exigiu. Mas não tive coragem de mandar. 

 

E hoje, quando a reli, achei que as palavras eram tão certas. Que havia ali uma compaixão tão grande, um entendimento tão profundo, uma demonstração de carinho tão gratuita e generosa, que questionei se não a devia fazer chegar ao destinatário...

 

Estou cheia de dúvidas.

Carta aberta...

 

Há situações em que não há nada a fazer. Não podes fazer nada a não se esperar o que se vem anunciando. E vais aguentando, e arranjando forças em todo o lado. Vives na dormência porque não podes cair na realidade, sob pena de não aguentares a pressão ridícula que se põe nos teus ombros.  E tu és apenas tu. És só vítima! Mas tens de aguentar o barco, mante-lo à tona, por ti e pelos que já estão demasiado fracos para continuar… sabendo que estás a remar em vão.

Há alturas em que está tudo mal. Tudo do avesso. E não podemos fazer nada. Temos que aguentar e aguentar. Só isso. Não há outra coisa mais a não ser a angústia no peito. O aperto no coração que fica pequenino e que está lá sempre. É tão constante que nos habituamos a ele, à dor, e passa a ser como se de uma mão dormente se tratasse. Está ali… a moer… dói… mas não ligamos. Não ligamos e não podemos ligar. Temos que ser fortes. Temos que aguentar porque não há nada a fazer. E então deixamos de viver. Nem podemos. Não conseguimos. Passamos a estar. Só. Limitamo-nos a estar, um dia após o outro, um dia de cada vez. Estamos ali… e tudo nos sobressalta, porque estamos à espera que o inevitável aconteça. O toque do telefone, alguém que nos chama… Queremos paz, sossego, descanso. Queremos não sair da rotina e acima de tudo, que ninguém nos diga nada. Que ninguém nos fale da causa do nosso sofrimento… que ninguém nos toque na ferida. Não se consegue falar dela. Não podemos falar dela. É demasiado real se se falar dela e não pode ser porque assim, caímos. Não podemos cair. Não podemos mostrar que estamos mal. Os outros não se podem preocupar connosco. Não podem porque já há outras preocupações, as más, as que fazem doer o peito e cair o coração.

Que não nos digam nada. Que não nos peçam calma, que não nos digam que entendem, que é mau, que vai ficar tudo bem, que passa… que não nos digam nada porque nada disso adianta, nada disso resolve o que não tem resolução possível. Como podemos ter calma quando temos o nosso mundo a ruir? Quando temos os pilares que nos sustentam a terem que se sustentar a si? Como é que nos podem dizer que passa, quando o que interessa é o agora? O hoje? E hoje não está a passar? Como podem dizer que vai ficar tudo bem quando o desfecho é tão trágico?!

Que nos deixem estar… só estar. Acordar e sair, trabalhar e voltar. Só isto. Uma rotina sem excepções e, de preferência, sem surpresas. Uma rotina que nos permita não pensar no coração pequenino e angustiado que carregamos e que pesa uma tonelada. Que nos permita fugir da fatalidade do que se está a passar. Queremos paz.

Mas estas merdas doem. Doem e moem e torturam. E não podemos, não queremos cair. Não queremos mostrar fragilidade. Não queremos mostrar dor. Sofrimento… tristeza. E custa segurar este barco. Custa remar contra a maré, custa continuar a remar quando sabemos que vamos ser engolidos por uma onda e levados abaixo. É só mais um bocado. Só tenho de aguentar mais um bocado. E aguentamos. Vamos desencantar forças aos recantos de nós, e ainda conseguimos sorrir. E sorrimos! E quem olha para nós acha que temos tudo sob controlo e cá dentro estamos destruídos. Não vemos escapatória, não vemos momentos bons, não há luz ao fundo do túnel. Nada.

Mas os olhos, esses… os olhos têm a tristeza de uma vida inteira ali espelhados. E essa não se consegue fingir. Espelham a dor que nos consome e não a podemos disfarçar. As coisas não vão ficar melhores… de facto. Ninguém te pode enganar com uma coisa dessas. As coisas vão ficar diferentes. Até lá, a solução é remar mais um bocadinho, suportar o sofrimento mais um bocadinho. Aguentar mais um bocadinho. Mas não tenhas medo de mostrar fraqueza. És humano. E é humana a preocupação que sentes, a impotência que sentes, a dor que sentes! Um dia de cada vez, aproveitando os minutos o melhor que se consiga. Sem pensar se amanhã haverá minutos ou não. Um dia de cada vez. Só. Tentando fazer crescer dentro desse coração a certeza de ter aproveitado muito, de ter gozado muito, para que mais tarde todas as memórias tragam só saudade, e não mágoa. Tragam sorrisos e não lágrimas.