António-casa
Há pessoas-casa. Isto é descoberta recente. Pessoas-casa são aquelas cuja presença nos dá paz e segurança. Não tenho muitas pessoas-casa, mas tenho algumas. Mas se me perguntarem quem é A minha pessoa-casa, a resposta não poderia ser mais supreendente.
Pessoa, Nininho da minha vida, dizia, e bem, que a importância das coisas não está no tempo que elas duram mas na sua intensidade. Aqui é isso mesmo. A minha pessoa-casa apareceu de repente e tornou-se numa das pessoas mais importantes da minha vida. Tenho-lhe uma admiração profunda e o amor mais incondicional e puro que alguma vez imaginei possível. Quero-lhe o melhor do mundo, que seja a sua melhor versão possível (podia ser um post fit, este, mas não é), que consiga alcançar tudo aquilo a que se propõe, que sei que consegue e, acima de tudo, que saiba que estou cá para ele, aconteça o que acontecer.
Mas a vida dá mil voltas. E as relações das pessoas são cheias de cinzentos e poucos pretos e brancos.
Ontem perdi a minha pessoa-casa. Não nos chateámos. Mas os cinzentos da nossa vida são demasiado escuros. As pessoas são livres de tomar as decisões que entendem para a sua vida, as decisões que lhes tragam felicidade. E compreendo que por vezes existam coisas difíceis de conjugar por serem difícieis de explicar para quem está de fora e é alheio a isto tudo. Há coisas que são nossas e tão nossas que ninguém no mundo perceberia. E o mundo é ruim e vê maldade em tudo. Temos que nos proteger e proteger quem amamos. E, vai daí, fazemos escolhas. As que nos parecem acertadas. As que são acertadas, talvez. Perdemos pessoas-casa para manter pessoas-vida. Quebramos as promessas. Contrariamos a vontade de querer continuar a fazer parte da vida do outro. Por medo de melindrar, de magoar, de criar desconforto.
A minha pessoa-casa apareceu de repente e tornou-se numa das pessoas mais importantes da minha vida.
Mas ontem perdi a minha pessoa-casa, e o cinzento da nossa vida, demasiado escuro, passou a preto. Já lhe sentia falta todos os dias. Agora é-me saudade, só.