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O Manifesto da Garota

"Desabafos resultados de fraquezas", música, politiquices, opiniões gratuitas e posts sem conteúdo. Acima de tudo, vida, muita vida!

O Manifesto da Garota

"Desabafos resultados de fraquezas", música, politiquices, opiniões gratuitas e posts sem conteúdo. Acima de tudo, vida, muita vida!

Telegrama #78

Sinto que és egoísta quando me dizes que está tudo bem, estamos bem. Não estamos. É mentira. A mais absoluta mentira. E eu entenderia se me dissesses que não estava. Que éramos acto falhado. Não somos, até. Mas não. Mentes, egoísta, para não me magoar.

Não sou de porcelana. A areia nos olhos só me irrita a vista.

António-casa

Há pessoas-casa. Isto é descoberta recente. Pessoas-casa são aquelas cuja presença nos dá paz e segurança. Não tenho muitas pessoas-casa, mas tenho algumas. Mas se me perguntarem quem é A minha pessoa-casa, a resposta não poderia ser mais supreendente.

Pessoa, Nininho da minha vida, dizia, e bem, que a importância das coisas não está no tempo que elas duram mas na sua intensidade. Aqui é isso mesmo. A minha pessoa-casa apareceu de repente e tornou-se numa das pessoas mais importantes da minha vida. Tenho-lhe uma admiração profunda e o amor mais incondicional e puro que alguma vez imaginei possível. Quero-lhe o melhor do mundo, que seja a sua melhor versão possível (podia ser um post fit, este, mas não é), que consiga alcançar tudo aquilo a que se propõe, que sei que consegue e, acima de tudo, que saiba que estou cá para ele, aconteça o que acontecer.

Mas a vida dá mil voltas. E as relações das pessoas são cheias de cinzentos e poucos pretos e brancos.

Ontem perdi a minha pessoa-casa. Não nos chateámos. Mas os cinzentos da nossa vida são demasiado escuros. As pessoas são livres de tomar as decisões que entendem para a sua vida, as decisões que lhes tragam felicidade.  E compreendo que por vezes existam coisas difíceis de conjugar por serem difícieis de explicar para quem está de fora e é alheio a isto tudo. Há coisas que são nossas e tão nossas que ninguém no mundo perceberia. E o mundo é ruim e vê maldade em tudo. Temos que nos proteger e proteger quem amamos. E, vai daí, fazemos escolhas. As que nos parecem acertadas. As que são acertadas, talvez. Perdemos pessoas-casa para manter pessoas-vida. Quebramos as promessas. Contrariamos a vontade de querer continuar a fazer parte da vida do outro. Por medo de melindrar, de magoar, de criar desconforto.

A minha pessoa-casa apareceu de repente e tornou-se numa das pessoas mais importantes da minha vida.

Mas ontem perdi a minha pessoa-casa, e o cinzento da nossa vida, demasiado escuro, passou a preto. Já lhe sentia falta todos os dias. Agora é-me saudade, só.

Acho que posso voltar.

Vou dizer-vos, estou cheia de saudades disto. De partilhar, de escrever, de contar, de ler e comentar. Tenho saudades vossas. Tenho saudades dos números de leitor a crescer e dos comentários para aprovar. 

 

Tenho saudades de procurar coisas interessantes para vos partilhar. De pesquisar. De falar da minha política, de dar vos mostrar as minhas músicas. De fazer parte desta comunidade. 

 

Acho que vou voltar. Aqui, que sou eu, voltar a mim, todos os dias.

 

Obrigada por se manterem. Bem-vindos de volta.

Desabafos da minha precariedade

Licenciei-me faz, no início do próximo mês, cinco anos. Sou, de acordo com a minha professora de economia política, daquela que é a geração dos 1000. Aqueles que nunca vão passar dos 1000 euros de salário. Tive a sorte, ao contrário de alguns dos meus colegas, de arranjar trabalho 3 meses após o fim do curso. Nunca quis fazer parte da ordem profissional porque nunca quis ingressar naquele que muitos acham ser a única saída profissional do meu curso. Sai do meu primeiro trabalho porque quis, tive um convite para uma área que me agrada mais e na cidade do meu coração - Lisboa. Voltei para um trabalho de sonho. Um contrato a termo de 6 meses que, inicialmente, seria para substituir uma colega de baixa. Mas a colega voltou e eu lá fiquei. 2 anos. 3 renovações. 4 contratos. Chegada a hora da verdade fui para a rua, decisão que abalou todos os alicerces de quem sou. Que me fez questionar tudo aquilo em que acredito e que me abriu os olhos para me mostrar que há gente má em todo o lado. Foi quase um ano de desemprego e desespero. Com contas para pagar e menos 300€ de ordenado ao fim do mês. Fui a mil entrevistas. Tive propostas ridículas. Ofereceram-me 100€ por mês pelo meu trabalho qualificado. Sem horários que, ao contrário do que pensam, não é bom. A recibos verdes. Desesperei vezes sem conta. As minhas contas viraram-se do avesso. Ao fim de 8 meses arranjei trabalho. Precário. Mas trabalho. Uma oportunidade fantástica. E com 3 anos de experiência profissional fui fazer um estágio emprego. Não há mais ninguém com a minha função e as minhas habilitações ali. O salário? Recebo o mesmo que recebia de subsídio de desemprego. Mudei-me para fora de Lisboa, no entretanto, porque as rendas não se dão bem com desempregados, lá na cidade. Ganhei qualidade de vida. Gasto menos dinheiro mas, mesmo assim, todos os meses é uma luta para chegar ao fim. Valha-me o meu pai. Este mês está a ser particularmente difícil. O meu estágio está a acabar e o futuro é incerto. E eu quero certezas e tenho direito a elas. E nestas alturas, calejada pela traição de tempos idos, não se acredita em nada e os pés estão os dois atrás. Quero uma vida estável. E um salário que me deixe pagar as contas e ir ao cinema, pagar um jantar ao meu namorado, sair para beber um café. Não faço nada disso. Hoje disseram-me até que vivia sozinha por opção. Que podia ter ficado em casa do meu pai. Não podia. E mesmo que pudesse, tenho direito à minha vida e não posso permitir que o estado da nação me tire isso também. Mas hoje, esta semana, está a ser especialmente penosa. Falta uma semana para receber. Uma semana. E eu já faço contas ao que vem e ao que vai e penso que estudei tanto, mas tanto para isto. E é um desanimo, caros amigos. Porque investimos tanto em nós e para as empresas que só vêem lucros, trabalhadores são despesa. Não se pensa nunca que sem trabalhador não há lucro. Que trabalhador desmotivado é prejuízo. E esta incerteza da cabo de qualquer um. Não saber como vai ser amanhã. Não saber se continuarei à procura porque pretendemos sempre mais e melhor, ou se intensifico a busca porque preciso de comer. E isto cansa. A precariedade cansa. O saber que sou um estágio que ocupa um posto de trabalho cansa. E eu estou cansada deste cansaço e preocupação. Quero uma vida digna. Quero fazer planos e ter férias. Quero poder divertir-me e gozar a minha juventude. Quero reconhecimento do meu mérito. Quero ser uma pessoa e não um número. Não sou um cifrão. Não sou um custo. Sou pessoa. Sou vida. Deixem-me viver.

Conto de mim.

Vivia fora da sua cidade Natal e gostava. No entanto, nunca tivera um namorado na cidade onde morava. Não é que não tivesse namorado. Tinha. Mas estavam sempre separados por largas centenas de quilometros. Estavam juntos todos os fins-de-semana ou quase. Falavam todos os dias, sentiam saudades. Mas funcionava, para ela. Nunca permitiu que ninguém daquela cidade se aproximasse. Não nesses termos, pelo menos. E isto tinha uma razão de ser forte que ela percebera anos mais tarde. Sozinha naquela cidade nova que era a sua casa mantivera a sua postura de criança-crescida e independente. Teve que sê-lo sempre. Não conhecia outra forma de estar na vida, nunca pudera contar com ninguém. Ter um namorado ali seria aceitar uma muleta - não no mau sentido, mas ela não estava preparada para isso. Estava habituada a ser ela contra o mundo, a nunca baixar os braços. Se isso mudasse... se corresse mal... aquela cidade já não seria só dela, porque dias houve em que a partilhou com alguém. Em que teve alguém que se preocupou com ela, que se riu com ela, que a apoiou, que a abraçou, com quem pôde, finalmente, baixar os braços e cair, pois haviam outros braços para a segurar. Sabia que tudo mudaria no dia que se permitisse amar ali.

 

Mas o mundo dá voltas e não há cá "desta água não beberei". Para ser franca, ela sabia que, eventualmente, sem nunca ter pensado nisso com muita seriedade, encontraria alguém ali. Já trabalhava, não fazia conta de voltar para a terra Natal. O mundo estava um caos de problemas económicos e o trabalho era escasso. Ali, onde se encontrava, haveria mais oportunidades e a possibilidade de continuar a sua formação académica. Tinha a cabeça no sítio e os objectivos muito claros. Não queria sair dali. Mas ia querer uma relação estável. Ia querer um namorado que lhe desse valor. Uma família. E se queria ficar ali, era possível que tivesse que abrir uma excepção.

 

Quando aconteceu, porque era inevitável, estava relutante. Mas tudo aquilo era tão... maravilhoso, que qualquer relutância era afastada ao vislumbre do sorriso, dos olhos brilhantes e rasgados, do abraço tão perfeito que parecia feito à medida. Foi vivendo assim... feliz, deixando-se cair, como naqueles exercícios de confiança que se fazem, e os braços dele apanharam-na sempre.

 

Até que um dia o vento mudou e trouxe nuvens cinzentas. Começou uma tempestade sem fim e ele partiu. E ela vira-se sem muleta, sem bengala, sem puder baixar os braços e a já não saber viver assim. De repente, o mundo virou e ele não estava lá mais. De um dia para o outro, ela teve que reaprender a enfrentar a cidade deles sozinha, e já não a conhecia. Já não sabia os atalhos, já não conhecia os cafés. Teve de abrir os olhos, tristes, levantar a alma negra e seguir em frente, mas já não sabia onde era o norte.

 

De um dia para o outro, o mundo dela, parou. Deu um dia para o outro não havia mais tu e eu, e apenas eu, sozinha, a reaprender um mundo que já não é meu.

 

 

5 meses depois...

É verdade, já passaram cinco meses de desemprego e galopamos a uma velocidade estonteante a caminho do sexto e do seu corte de 10% no subsídio de sobrevivência, perdão, desemprego. Então, e como estão as coisas?, perguntam vocês. Pois, não estão. Arranjar trabalho está muito mas muito difícil, para não dizer impossível e, se até agora tenho feito uma ginástica louca com o que recebo, a partir do sexto mês não sei muito bem como vai ser. Que isto de viver sozinho tem tanto de bom como de mau. Sozinho, mesmo, digo. Porque não há com quem dividir contas. A renda, a água, a luz e o gás, a alimentação, as despesas do Zé, o carro e o seguro, all on me. E viram bem o rol que é? Pois.

Uma pessoa tenta não desesperar. A sério que tenta. Mas entretanto vês o tempo a passar ou apercebes-te de quanto já passou e para além de te sentires inútil começas a ver a corda a apertar à volta da garganta... E agora? Como vai ser? As inseguranças apoderam-se de ti por mais que lutes contra elas e em todos, mas todos os campos da tua vida. O namorado já não gosta de ti, os amigos também já não querem saber porque nunca podes estar com eles nas actividades de fim-de-semana porque, enfim, pagas as contas não sobra assim tanto. Vais visitar a família (que no meu caso vive longe) de mês a mês ou nem isso... E vais ficando isolado. Em casa, com o cão. Safa-se o ter o cão ea obrigação de o ir passear e o facto de fazer questão de sair de casa todos os dias para beber um café. Sempre vejo pessoas. Está a tornar-se insustentável e a opção de sair do país vai-se tornando cada vez mais plausível. Sim, porque, mal ou bem, uma pessoa ganha mais dinheiro numa loja qualquer de outro país qualquer do que sendo jurista aqui. Além disso, as notícias não são animadoras. Aumentos de IVA e TSUs, e a mudança de discurso tão pré-eleições. Já para não falar dos grandes prognósticos para 2015. Esperem, também há eleições em 2015.

 

E por falar em eleições, vocês, meus queridos, já pensaram bem em quem votar? Façam-me um favor e não votem nestas aventesmas. Claro é que todos temos opiniões e ainda bem que não acreditamos todos no mesmo. Claro é, também para vocês, que eu cá sou comuna até ao Tutano. Mas porra, também me parece claro que comunas, socialistas, sociais-democratas ou democratas-cristãos, se somos trabalhadores, temos sido todos enrabadinhos e roubadinhos de fininho. E não, meus amores, não tem que ser.

 

Por isso, e como não tenho parado muito por aqui, apelo desde já que no próximo dia 25 votem. E votem em consciência. Votem por vocês e pelos outros todos. Votem não pelo que convém a cada um, mas pelo que é melhor para a sociedade. Ou votem em branco. Ou nulo. Mas votem.

Caríssimos,

Não ando fugida, e não é que não tenha nada para os dizer. Ando é com preguiça de vos escrever! lol

As entrevistas continuam e eu até já arranjei, a modos que desenrasquei, uma ocupaçãozinha. Esta semana estou à experiência num escritório. Já lá tinha ido a uma entrevista, no início do ano. Entretanto a coisa, leia-se, o dinheiro, não se deu e eu nunca mais me lembrei do dito até começar a bater com a cabeça nas paredes... Decidi então ligar para a pessoa responsável, e no dia seguinte verifico que pôs um novo anúncio. Seria o destino? Respondi, e chegamos, basicamente ao momento de hoje.

 

De qualquer maneira a experiência (duas tardes, so far) está a correr bem, acho eu. Sinceramente, esta coisa da advocacia faz-me alguma espécie. EDstou habituada a uma coisa que dificilmente voltarei a sentir em qualquer trabalho - sentir que estou a ajudar as pessoas, do lado certo. Eu fazia aquilo em que acreditava e não me custava nadinha. O meu trabalho, desde o primeiro dia, em termos de conteúdo, não precisava de correcções. 

 

Agora sinto que acabei de sair da Faculdade e que não sei nada de nada. Não me lembro de montes de coisas e sonho com códigos de processo civil. É esquisito.

 

A demanda pelo trabalho procura. Talvez seja amanhã, talvez na próxima semana, talvez eu venha a gostar disto dos advogados... talvez. Prometo-vos agora que não vos abandono outra vez! 

 

Talvez...

The thing is...

Tenho um defeito. Aliás, tenho muitos. E nem sei se isto conta como defeito. Mas, tenho a sensação que sou sempre eu a pessoa qe gosta mais, que dá mais, em tudo, em todas as relações, independentemente da índole.

 

Agora, como é que se lida com essas situações? Como é que lidamos com o facto de gostarmos mais, querermos mais e, consequentemente, sofrermos mais? Ninguém quer isto... mas são situações reais. É real... e agora?

Um dia = um post

(Manhã)

 

Hoje acordei com a música dos Ornatos Violeta, Dia Mau, na cabeça. Não é, de todo, um dia mau, hoje. Mas começa a fazer sentido. De qualquer modo, é dia do concerto, e eu estou em pulgas!!

 

A colega abusada acabou de me pedir o n.º da minha conta para que uma prima/tia/avó/sobrinha lhe faça um depósito. Diz "Pode ser? Depois levantas o dinheiro à hora de almoço?" e eu abano a cabeça e digo que sim... se o dinheiro existir. Que eu cá não faço adiantamentos nem "vendo fiado" depois do fiasco.

 

Ontem à noite tive saudades de ter um namorado. Apetecia-me estar enroscada com alguém no sofá a ver TV. Só isso. Mais nada.

 

Vai ecoando, na minha cabeça "Não havendo amor de volta, nada impede a fonte de secar".

 

O Garoto veio aqui hoje. Falou-me. Deve estar doente... ou então vai ser pai, sei lá... De qualquer maneira hoje estou em dia sim e acho que ele vai bater com os cornos na parede e pensar "O que é que eu fui fazer, f*da-se, que devia era ter ficado sugadito com a Garota em vez de ter voltado a comer arroz.".

 

E não é que depositaram mesmo o dinheiro à colega abusada? E se eu "abusasse" e retivesse o dinheiro na minha conta? A título de, sei lá... pequeno abatimento de dívida?

 

Lembram-se do Romantico? Não é que eu escrevo no FB "Este mundo é do tamanho de uma ervilha" e ele acha que me pode vir atormentar no chat, dizendo: É o mundo e a tua cabeça! levou logo com um "Se assim fosse, namorava contigo" e calou-se.

 

(Tarde)

 

É a loucura da aproximação do concerto de Ornatos Violeta.

 

A colega abusadora diz que sonhou que eu lhe ia bater à porta, para apresentar o homem da minha vida, e que, detrás de mim sai, todo sorridente, o Garoto, com um tonner vermelho/rosa na mão.

 

Mas agora, pensando bem, gostava que o Garoto fosse o homem da minha vida... se é que isso existe. Existirá? Não vale a pena entrar por aí. De qualquer maneira, se fosse ele era fixe. Porque, quando falamos, damo-nos muito bem.

 

Continuo sem perceber porque é que nós só nos lembramos das melhores respostas/atitudes quando a "cena" já lá vai... ali longe....