Se eu for despedida, já se sabe
Sou precária. Mais que precária. Sou um estágio impulso a exercer a minha profissão numa empresa onde mais ninguém o faz. Quantos não existem assim...
Há umas semanas atrás roubei um livro a D. Baby Gadelhudo, livro esse que continha, lá dentro, uma tarjeta da JCP. Vá, um flyer. Como queiram.
O meu chefe novo, que gosta de... poderes centralizados, que é como quem diz eu mando e vocês fazem como eu mando mesmo que não concordem com o que eu mando, abeirou-se de mim e pôs-se a mexer no livro. Viu o dito do papel. Agarrou-o, leu-o. Voltou a pô-lo no sítio. Depois disso já me mandou mil bocas. Já me disse coisas que nem repito por me revolverem as entranhas. Hoje chamou-me a atenção por causa de uma situação. Vá, chamar-me a atenção é eufemismo. Gritou comigo. Berrou, dentro do gabinete que tinha porta aberta e permitiu que toda a gente ouvisse. Eu não fiz merda. Fiz o meu trabalho. Foi correcto. Só não foi como ele quis e, com a razão que o cargo de chefia lhe dá, podia ter-mo dito calmamente. Mas não. Foi sarcástico. Irónico. Desagradável. Meteu, para piorar, na cabeça, que eu estava chateada com o "reparo" que me estava a fazer. Não estava, meus caros. Estava era fodida mesmo com o tom de voz com que ele me falava, e frustrada com a impossibilidade de me defender.
Tudo isto começou com o livro. Tem vindo a piorar. E sabem que mais? O livro desapareceu. E com ele a tarjeta. E, quiçá, o meu contrato de trabalho. Ahhh o medo dos comunas é das coisas que mais força me dá.