Já falei aqui umas quantas vezes sobre tatuagens, em particular as minhas. A primeira tatuagem que fiz, em 2003, marcou o início de um longo percurso. Vejo as tatuagens como uma arte e, se a primeira tinha toda um significado altamente profundo, a verdade é que vejo que a ideia de "tatuagens com significado" tem mudado comigo.
Faço tatuagens que entendo bonitas e normalmente para fechar ciclos. Nas onze identifico momentos-chave na minha vida, crescimento. Tenho em mim o dia em que o meu pai emigrou para o Brasil, a minha resiliência para ultrapassar vários problemas, a sabedoria que venho adquirindo. Tenho em mim o fim de D. Baby-Gadelhudo, o meu amor à música, dois grandes amigos que já foram, o meu irmão, o divórcio dos meus pais.
Tenho em mim a luta das mulheres, que mesmo fortes como um raio, se deixam apanhar por homens que não as merecem, e a genialidade do Pessoa que me fala ao coração.
No dia 31 de Dezembro fiz 31 anos, e marquei em mim mais uma fase. No dia 31 de Dezembro, aos 31 anos, fechei a porta de Casa, e mudei-me.
As tatuagens ajudam-me a lidar com coisa. O acto físico de fechar o assunto, ajuda-me a resolver e a seguir em frente.
Dois mil e dezanove vai ser um ano bom, tenho a certeza disso. Espero, do fundo deste coração de remendos, que para vocês também seja.
Eu gosto de tatuagens. Acho que já tinha falado disso aqui. Tenho quatro, vou a caminho da quinta, e entre tatuagens morro de saudades do friozinho na barriga, que rapidamente se transforma no quentinho da zona tatuada. O que não é mau. A minha última tatuagem foi feita em Outubro. No ombro. O calorzinho soube-me bem num dia gelado :p
Todas as minhas tatuagens têm um significado impostante para mim e não sou capaz de tatuar nada que não me faça sentido. Além disso, nunca repeti um tatuador. Sonho ir parar uns dias, como por magia, às mãos da Kate von D, que a mulher é brual! Sonhar não custa :)
Quando fiz a minha segunda tatuagem, fui a Estarreja ou perto disso, ao tatuador do Falecido. O gajo é muito mas muito bom, e baratíssimo. Mesmo com a viagem, compensou (tendo em conta que a minha primeira tatuagem, feita aos 17 anos, numa conceituada casa de Lisboa está a precisar de ser refeita... e custou 170€ na altura...).
Nesse dia, enquanto eu estava deitadinha e quase sem poder respirar, entrou uma senhora, de meia idade, que queria fazer uma tatuagem. O tatuador perguntou-lhe o que queria tatuar e ela respondeu - Não sei! Eu olhei para o Falecido, incrédula, pois a senhora tinha marcação e tudo, pelo que a coisa era suposto concretizar-se assim que eu saísse de lá. Perante aquela resposta, o tatuador levantou-se, agarrou numas pastas, passou-lhe aquilo para a mão, para ela ver, e ela, 15 minutos depois, agarrou num desenho e disse - quero isto!
Isto era um olho manhoso cheio de chamas e coisas muito estranhas, para mim, pelo menos. O tatuador perguntou-lhe onde, e ela disse que ia fazer na parte interior do ombro. Aí ele respondeu "Tu não queres isso. Tu queres uma coisa mais feminina. Uma florzinha, um golfinho, isso não. Isso é coisa de homem!". Eu, mais uma vez, mordi-me para não me rir.
Não sei qual foi o desfecho dessa história, mas ficou-me na memória porque achei estranho.
Todas as minhas tatuagens foram pensadas por e para mim ou são coisas que me são especiais. Tenho uma fada com uma lua, nas costas, gigante, e muito anterior à moda das fadas nas luas entre omoplatas. Tenho uma tribal na barriga, com quatro estrelas e as minhas iniciais em elfico, que são também as iniciais de dois grandes amigos que, infelizmente, faleceram, sendo que as estrelas me representam a mim, ao meu irmão e a esses dois amigos.
Tenho uma clave de sol na nuca, porque a música é a minha vida, sempre foi e dificilmente deixará de me ser tão importante como respirar, e tenho um mandala no ombro, coisa mais linda, que marca mais uma reviravolta na minha vida, mais um renascer, mais um crescimento.